Saúde da Mulher na Gravidez

Carências nutricionais durante a gravidez

Segundo a Organização Mundial de Saúde, a gravidez compreende os nove ou mais meses, durante os quais uma mulher carrega um embrião e um feto em desenvolvimento no útero. Este é, para a maioria das mulheres, um período de grande felicidade e expectativa que requer uma monitorização do estado de saúde da mãe e do seu bebé. É consensual que o estado nutricional da mãe pode trazer vantagens em termos de saúde para ambos ao longo de toda a vida. 

A evolução da gravidez conduz ao aumento das necessidades nutricionais para apoiar o crescimento e desenvolvimento do bebé bem como o metabolismo materno. Assim, as recomendações alimentares e ajustes nutricionais devem adaptar-se a cada mulher, considerando-se as diferenças individuais, de forma a fornecer todos os nutrientes, em particular os minerais e vitaminas necessários à gestação.

O Programa Nacional para a Vigilância da Gravidez de Baixo Risco, da Direção-Geral da Saúde, recomenda a suplementação a iniciar o mais precocemente possível (desde que não haja contraindicação para tal). Deve aconselhar-se junto do médico assistente, qual o tipo de suplementação, com vitaminas e sais minerais, mais adequada ao seu perfil e tempo de gestação.

Anemia na Grávida

A anemia é uma condição que resulta de uma diminuição do número de glóbulos vermelhos ou de hemoglobina no sangue para um valor abaixo da referência para a idade e para o sexo, e que se traduz numa dificuldade em transportar o oxigénio nos tecidos do corpo. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), a anemia por carência de ferro é a deficiência nutricional mais prevalente no mundo, especialmente nos países emergentes.

Um estudo realizado em Portugal estima que metade das grávidas portuguesas possa ter anemia. Durante a gravidez, o ferro está envolvido em múltiplas ações, não só no transporte de oxigénio para todo o corpo – gerando energia nos músculos - mas também no combate a infeções.  Além disto, o ferro é necessário para desenvolver uma placenta saudável, para suportar o crescimento do bebé e para a proteger eventuais perdas de sangue durante o parto. Mesmo sem se ter desenvolvido uma anemia, as reservas de ferro do feto podem ficar comprometidas caso os níveis de ferro da mãe sejam baixos.

Carência de iodo

O iodo é um micronutriente vital em todas as fases da vida e de crucial importância durante a vida fetal. Assim, durante gravidez, a carência em iodo pode trazer consequências graves e irreversíveis para a saúde e no desenvolvimento pós‐parto, infância e, por conseguinte, vida adulta.

Este elemento entra na constituição das hormonas tiroideias (T4 e da T3) e, dado que não pode ser formado pelo organismo, deve ser providenciado através da nossa dieta. Estas hormonas são essenciais para as várias etapas do metabolismo e desenvolvimento humano. A redução da função da tiroide, por falta de iodo, pode ter como consequência o Bócio (aumento do volume da tiroide) e até mesmo Hipotiroidismo (redução da concentração de hormonas tiroideias), muitas vezes associado à redução do metabolismo geral com lentificação, cansaço, aumento de peso, entre outros.

Em Portugal, verifica-se que cerca de 80% das grávidas têm ingestão de iodo inferior ao recomendado. Sendo a carência de iodo considerada pela Organização Mundial da Saúde, a principal causa mundial evitável de doenças mentais e do desenvolvimento, foi emitida uma orientação, pela Direção-Geral da Saúde (DGS)em 2013, que recomenda que as mulheres, em preconceção, grávidas ou a amamentar recebam um suplemento diário sob a forma de iodeto de potássio.