Aproximadamente 50 milhões de pessoas em todo o mundo têm epilepsia, o que faz desta doença a condição neurológica mais comum. Nos países desenvolvidos, a incidência anual é estimada em cerca de 50 casos por cada 100 000 habitantes (a incidência é maior nos países em desenvolvimento em virtude da precaridade da assistência materno-infantil e das condições sociais, com um consequente maior risco de infeções cerebrais e traumatismos cranianos).
Uma crise epilética é um evento clínico caracterizado pela manifestação de sinais e/ou sintomas transitórios, que resulta de uma atividade anormalmente excessiva ou síncrona dos neurónios do cérebro. Dependendo da localização e distribuição da atividade elétrica anormal do sistema nervoso central, a pessoa com epilepsia pode ter as seguintes manifestações clínicas: motoras, psíquicas, sensoriais e autonómicas. A intensidade das manifestações clínicas é variável, pois uma crise pode ter uma apresentação tónico-clónica generalizada (‘atividade convulsiva intensa’), que acarreta uma elevada carga emocional ou, outras vezes, ter uma apresentação caracterizada por fenómenos subjetivos (apenas percecionados pelo próprio).
Adaptado de Fisher RS, et al. Instruction manual for the ILAE 2017 operational classification of seizure types. Epilepsia. 2017 Apr; 58(4):531-542.
De forma global, cerca de 60% dos doentes apresentam-se com crises de início focal e cerca de 40% com crises de início generalizado. Na infância, as crises de início generalizado predominam, até por volta dos 6 anos, quando as proporções se igualizam, mantendo-se aproximadamente assim no início da idade adulta. À medida que a idade avança assiste-se a um progressivo predomínio das crises de início focal.
As crises epiléticas são manifestações de alterações neurológicas e constituem apenas uma apresentação clínica de muitas doenças neurológicas diferentes. Assim sendo, o médico deverá procurar enquadrar as manifestações clínicas de cada doente com crises epiléticas (como sejam o tipo e a semiologia das crises, a idade de início, a história familiar, etc.) e os resultados dos exames auxiliares de diagnóstico (EEG, RMN, entre outros) e definir a síndrome epilética em questão, sempre que possível.
O prognóstico da doença é favorável na maioria dos doentes com epilepsia, sendo fortemente influenciado pela causa subjacente. Em algumas pessoas, particularmente nas crianças, a epilepsia entra em remissão, apesar de uma proporção substancial manter a condição para o resto da vida. De forma global, 60 a 70% dos doentes ficam livres de crises após o tratamento com antiepiléticos e alguns desses podem manter-se em remissão mesmo após a suspensão da terapêutica. Os outros 30 a 40% dos doentes mantêm crises, com graus variáveis de frequência e gravidade (epilepsia refratária).
Figura 1 Proporção de doentes livres de crises em resposta ao tratamento com AEs.
Fonte: adaptado de Brodie MJ, Kwan P, Schachter SC. Fast Facts: Epilepsy. 3rd edition. Oxford (UK): Health Press Limited; 2005
1. Epilepsy: Key Facts. Disponível em : https://www.who.int/news-room/fact-sheets/detail/epilepsy [acedido em 2019.11.21]
2. Pimentel, José, and Carla Bentes. Epilepsia : conceitos, diagnóstico e tratamento. Lisboa: Lidel, 2016. Print.
3. Fisher RS, et al. ILAE official report: a practical clinical definition of epilepsy. Epilepsia. 2014 Apr;55(4):475-82.
4. Fisher RS, et al. Epileptic seizures and epilepsy: definitions proposed by the International League Against Epilepsy (ILAE) and the International Bureau for Epilepsy (IBE). Epilepsia. 2005 Apr;46(4):470-2.
5. Fisher RS, et al. ILAE official report: a practical clinical definition of epilepsy. Epilepsia. 2014 Apr;55(4):475-82.
6. Fisher RS, et al. Instruction manual for the ILAE 2017 operational classification of seizure types. Epilepsia. 2017 Apr;58(4):531-542.
BIAL assume a responsabilidade pelos conteúdos do seu site. Ao clicar em "Continuar", em baixo, entrará num website externo a BIAL e fora do seu âmbito de responsabilidade.