A diabetes é uma doença crónica muito comum em todo o mundo. Segundo a Federação Internacional de Diabetes (IDF), cerca de 415 milhões de adultos entre os 20 e 79 anos tinham diabetes em 2015, prevendo esta organização que este número aumente para 642 milhões de pessoas em 2040. Em Portugal, a prevalência estimada da diabetes nos adultos entre os 20 e 79 anos foi de 14,1% em 2021, afetando mais de um milhão de portugueses.
Entre outras, este grupo de doenças inclui a Diabetes tipo 1 e a Diabetes tipo 2. Outras alterações potencialmente reversíveis são a Pré-Diabetes (quando os seus níveis de glicose estão mais elevados do que o normal, mas não suficientemente altos para se considerar que se tem Diabetes), e a Diabetes Gestacional, que ocorre durante a gravidez.
A Diabetes tipo 1 é uma doença crónica em que o pâncreas produz pouca ou nenhuma insulina, uma hormona necessária para que a glicose entre nas células e produza energia. Aparece tipicamente na infância e adolescência, mas pode desenvolver-se em qualquer idade.
A Diabetes tipo 2, o tipo mais comum de Diabetes, ocorre quando o organismo se torna “resistente” aos efeitos da insulina, ou não produz insulina suficiente para manter dentro da normalidade os níveis de glicose no sangue. Pode desenvolver-se em qualquer idade e é muitas vezes prevenível.
A glicose provém de duas grandes fontes: a comida que ingere e o seu próprio fígado. Durante a digestão a glicose é absorvida para a corrente sanguínea. Normalmente, a glicose passa do sangue para o interior das células com a ajuda da insulina. A insulina é uma hormona produzida no pâncreas, um órgão localizado logo atrás do seu estômago. À medida que a insulina circula no nosso sangue, funciona como uma verdadeira “chave” que abre portas microscópicas permitindo que a glicose entre nas células, funcionando como fonte de energia. Quando o seu nível de glicose sanguínea desce, também a secreção de insulina pelo pâncreas desce.
O fígado funciona como “armazém” e “fábrica” de glicose. Por exemplo, quando está sem ingerir alimentos há muito tempo, o seu fígado liberta glicose para manter os níveis desta estáveis no sangue.
Na Diabetes tipo 2 todo este processo funciona de forma deficitária, e em vez da glicose entrar nas células, acaba por se acumular no sangue; esta subida de glicose no sangue, típica da Diabetes, designa-se por hiperglicemia.
Os sintomas da Diabetes tipo 2 podem desenvolver-se muito lentamente. Na realidade, podemos ter este tipo de Diabetes durante anos sem sabermos. Eis alguns sintomas:
As complicações da Diabetes podem ser classificadas em agudas ou crónicas.
As complicações agudas são aquelas que acontecem repentinamente; o organismo não tem tempo para se adaptar, e o diabético sente-se “doente”, queixando-se de múltiplos sintomas.
Já as complicações crónicas vão-se estabelecendo gradualmente ao longo do tempo.
As complicações agudas são graves, e directamente relacionáveis com os valores de glicose no sangue. Incluem: cetoacidose diabética, que é mais comum na Diabetes tipo 1 e resulta da degradação de ácidos gordos em cetonas quando já não existem mais reservas de glicose no organismo para fornecimento de energia às células; coma hiperosmolar hiperglicémico não-cetónico, geralmente associado a deficiência de insulina e desidratação; e a hipoglicemia, habitualmente causada por um excesso de insulina ou medicação oral utilizada no tratamento da hiperglicemia. Todas estas situações são emergências que devem ser tratadas prontamente.
A Diabetes tipo 2 pode ser silenciosa, sobretudo nos estádios iniciais, em que o doente se sente bem, não apresentando quase nenhuma das queixas referidas acima. Mas, de forma igualmente silenciosa, a Diabetes vai originando complicações crónicas em vários órgãos, incluindo o coração, vasos sanguíneos, nervos, olhos e rins. Controlando eficientemente os níveis de glicose no sangue é possível prevenir estas complicações.
Ainda que se desenvolvam de forma lenta e gradual, estas complicações crónicas da Diabetes podem ser incapacitantes e até mesmo fatais. Incluem, entre outras:
O tratamento da Diabetes tipo 2 normalmente engloba:
Para manter a glicose sanguínea dentro dos valores normais, é importante adoptar um estilo de vida saudável; quando as mudanças de estilo de vida não permitem por si só baixar os valores da glicemia, o seu Médico irá associar a essas medidas a medicação mais adequada ao seu caso.
Os comprimidos para tratar a Diabetes só poderão ser receitados pelo seu Médico, e não deverá deixar de os tomar ou alterar qualquer aspecto da toma sem o seu conhecimento prévio. Ao longo da sua vida muito provavelmente o seu Médico irá alterando o número de comprimidos que toma durante o dia para controlar a sua glicose sanguínea de forma cada vez mais eficaz. Contudo, apesar de aderir a um rigoroso plano dietético, praticar exercício físico e tomar os seus comprimidos conforme instruções médicas, a sua Diabetes pode não estar controlada. Nessa altura torna-se necessário iniciar insulina, sozinha ou com comprimidos.
Relatório Anual do observatório Nacional da Diabetes, Diabetes: factos e números – Edição de 2023, Sociedade Portuguesa de Diabetologia.
Aguiar C, Duarte R, Carvalho D. Nova abordagem para o tratamento da diabetes: da glicemia à doença cardiovascular. Revista Portuguesa de Cardiologia. 2019 Jan 1;38(1):53-63.
IDF – International Diabetes Federation, disponível em https://idf.org/about-diabetes/what-is-diabetes/, consultado a 12/2023.
APDP – Associaçáo Protectora dos Diabéticos de Portugal, Material Educacional “Diabetes tipo 2”, disponível em https://apdp.pt/diabetes/material-educacional/, consultado a 12/2023.
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